segunda-feira, 15 de setembro de 2008

a perda do tempo

É que o tempo se esvai, é como areia fina entre os dedos. Perco, perdo, não consigo segurar, por mais que feche a mão, ele transborda! Como a água do banho, quando me encontro sentada, que se acomoda no colo e logo cai pros lados, cansada da monotonia das pernas.
Ás vezes a areia é rosa, ás vezes é marrom, ás vezes é azul, mas não é para menos que a ampulheta é sempre ampulheta.
A música repete, cada vez que acaba são três minutos e trinta e cinco segundos a menos (ou a mais?) que vivi (ou que vivo?) e então recomeça. Música que nunca representaria nada se não fosse impregnada da presença de alguém, alagada da lembrança de momentos que já começaram, aconteceram e acabaram, cheia daquele sábado em que essa mesma pessoa também repetia e repetia a mesma música. Quinta vez que se repete. Um pouco de saudade do peso das dedilhadas ainda meio cegas.
Algumas trezentas e dezessete páginas me aguardam deitadas, pacientes, em cima da cama enquanto ouço, transbordo e sinto a ansiedade de quem não sabe pelo o que espera. São, de vez em vez, três minutos e trinta e cinco segundos que passam distraídos, maliciosamente disfarçados de minutos inocentes. Não são , são tudo isso. Se somam sem parar.
Mesmo assim te telefono. Eu te busco, "vou de ônibus", estamos perdendo o tempo!
Sou mesmo um pouco alérgica à solidão, desacostumei da minha pura e própria companhia. Afinal, quem consegue (e sabe) se sentir só?
Tenho muitas coisas para pensar e trabalhar, mas quando vejo já estou picando o alho. Deveria estar pensando no que escrever, mas quando vejo, já estou pensando no quanto amo.
Eu leio palavras que me deixam apertada de um não-sei-o-que, um não-sei-o-que-bom. Acabo deixando um pouco de lado todas as coisas que eu desprezo. Aliás, o que, agora, é deprezar?
Onze horas e só a minha caixa das músicas que não foi aceita. Admito a dor, o coração no liqüidificador, a boca no grampeador e fiquei quieta (com o teu sorriso quieto no meu canto). Vou deitar com um peso que não deveria estar em mim: quanto pesam dezessete canções?

hoje eu sou trágica.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

lista de precisões:

Preciso de
AR
ARA ÁRABE ARABESCO ARÁBICO ARABIZAR ARAÇÁ ARACAJUANO ARAÇAZEIRO ARACNÍDEO ARADO ARAGEM ARAMADO ARAME ARANDELA ARANHA ARANHOL ARANZEL ARAPONGA ARAPUCA ARAPURU ARAR ARARA ARARUTA ARATU ARAUCÁRIA ARAÚNA ARAUTO ARBITRAGEM ARBITRAR ARBITRARIEDADE ARBITRÁRIO ARBÍTRIO ÁRBITRO ARBÓREO ARBORESCER ARBORIZAR ARBUTO ARCA ARCABOUÇO ARCABUZ ARCADA ÁRCADE ARCÁDIA ARCADISMO ARCAICO ARCAÍSMO ARCAIZAR ARCANJO ARCANO ARÇÃO ARCAR ARCEBISPO ARCEDIAGO ARCHOTE ARCIPRESTE ARCO ARCO-ÍRIS AR-CONDICIONADO ÁRDEGO ARDÊNCIA ARDENTE ARDENTIA ARDER ARDIDO ARDIL ARDOR ARDÓSIA ARDUME ÁRDUO ARE ÁREA AREAL AREÃO AREAR ARRENTO AREIA AREJAR ARENA ARENGA ARENGADA ARENGAR ARENÍFERO ARENITO ARENOSO ARENQUE ARÉOLA AREÓPAGO ARESTA ARESTO ARFAR ARGAMASSA ARGELIANO ARGELINO ARGENTARIA ARGENTÁRIO ARGÊNTEO ARGENTÍFERO ARGENTINO ARGILA ARGOLA ARGONAUTA ARGÔNIO ARGÚCIA ARGUEIRO ARGÜIÇÃO ARGÜIR ARGUMENTAÇÃO ARGUMENTAR ARGUMENTO ARGUTO ÁRIA ARIANISMO ARIANO ARIDEZ ÁRIDO ÁRIES ARÍETE ARIRANHA ARISCO ARISTROCACIA ARISTOCRATA ARISTOTÉLICO ARISTOTELISMO ARITMÉTICA ARLEQUIM ARMA ARMAÇÃO ARMADA ARMADILHA ARMADO ARMADOR ARMADURA ARMAMENTISMO ARMAMENTO ARMAR ARMARIA ARMARINHO ARMÁRIO ARMAZÉM ARMAZENAGEM ARMAZENAMENTO ARMAZENAR ARMEIRO ARMÊNIO ARMENTIO ARMENTO ARMINHO ARMISTÍCIO ARMORIAL ARNÊS ARNICA ARO AROEIRA AROMA AROMÁTICO AROMATIZAR ARPÃO ARPEJAR ARPEJO ARPÉU ARPOAR ARQUEAÇÃO ARQUEADURA ARQUEAMENTO ARQUEAR ARQUEIRO ARQUEJANTE ARQUEJAR ARQUEJO ARQUEOLOGIA ARQUEÓLOGO ARQUÉTIPO ARQUIBANCADA ARQUIDIOCESE ARQUIDUCADO ARQUIDUQUE ARQUIINIMIGO ARQUIMILIONÁRIO ARQUIPÉLAGO ARQUITETAR ARQUITETO ARQUITETÔNICO ARQUITETURA ARQUITRAVE ARQUIVAR ARQUIVISTA ARQUIVO ARRABALDE ARRAIA ARRAIAL ARRAIA-MIÚDA ARRAIGAR ARRAIS ARRANCA ARRANCADA ARRANCAR ARRANCA-RABO ARRANCHAR ARRANCO ARRANHA-CÉU ARRANHADURA ARRANHÃO ARRANHAR ARRANJADO ARRANJAR ARRANJO ARRANQUE ARRAS ARRASADO ARRASAR ARRASTÃO ARRASTA-PÉ ARRASTAR ARRASTO ARRÁTEL ARREZOADO ARRAZOAR ARRE ARREAMENTO ARREAR ARREATA ARREBANHAR ARREBATADO ARREBATAMENTO ARREBATAR ARREBATAÇÃO ARREBENTAR ARREBICAR ARREBIQUE ARREBITADO ARREBITAR ARREBOL ARRE-BURRINHO ARRECADA ARRECADAR ARREDAR ARREDIO ARREDONDAR ARREDOR ARREFECER ARREGAÇAR ARREGALAR ARREGANHAR ARREGANHO ARREGIMENTAR ARREGLAR ARREGOAR ARREIO ARRELIA ARRELIAR ARRELVAR ARREMANGAR ARREMATAR ARREMATE ARREMEDAR ARREMEDO ARREMESSÃO ARREMESSAR ARREMESSO ARREMETER ARREMETIDA ARRENDADOR ARRENDAMENTO ARRENDAR ARRENDATÁRIO ARRENEGAR ARREPANHAR ARREPELAR ARREPENDER ARREPIAR ARREPIO ARRESTAR ARRESTO ARREVESADO ARREVESAR ARRIAR ARRIBA ARRIBAÇÃO ARRIBADA ARRIBAR ARRIEIRO ARRIEL ARRIMAR ARRIMO ARRIOSCA ARRISCADO ARRISCAR ARRITMIA ARRIVISMO ARRIVISTA ARRIZOTÔNICO ARROBA ARROCHAR ARROCHO ARROGÂNCIA ARROGANTE ARROGAR ARROIO ARROJADO ARROJAR ARROJO ARROLAMENTO ARROLAR ARROLHAR ARROLO ARROMBA ARROMBAR ARROSTAR ARROTADOR ARROTAR ARROTEAR ARROTO ARROUBAR ARROUBO ARROXAR ARROXEAR ARROZ ARROZAL ARRUAÇA ARRUAÇAR ARRUAR ARRUÇADO ARRUDA ARRUELA ARRUFAR ARRUFO ARRUINAR ARRUIVAR ARRULHAR ARRULHO ARRUMAÇÃO ARRUMADEIRA ARRUMAR ARSENAL ARSÊNICO ARSÊNIO ARTE ARTEFATO ARTE-FINAL ARTEIRO ARTELHO ARTÉRIA ARTERIAL ARTERIOSCLEROSE ARTESANAL ARTESANATO ARTESÃO ARTESIANO ÁRTICO ARTICULAÇÃO ARTICULAR ARTICULISTA ARTÍFICE ARTIFICIAL ARTIFÍCIO ARTIFICIOSO ARTIGO ARTIGUELHO ARTILHARIA ARTILHEIRO ARTIMANHA ARTISTA ARTÍSTICO ARTRITE ARTRÍTICO ARUBANO ARUBENSE ARUBIANO ARVOAR ARVORADO ARVORAR ÁRVORE ARVORECER ARVOREDO

terça-feira, 9 de setembro de 2008

não que ela fosse ouvir, mas se ouvisse entenderia.

Não tenho nenhuma certeza a respeito de Francesca Woodman,
mas ás vezes eu penso que ela poderia ser uma menina meio afetadinha, dessas que lembram a galerinha "que investiga o corpo" do instituto de artes, todos cheios de gestos, de caras e de bocas, tendo muitas vezes aquela mesma mania de ficarem nús, como se a nudez fosse um agente legitimador para chamar de "arte" as palhaçadinhas do tom de "i wanna be hipponga nos anos 2000". Nada contra exceto pelo óbvio nojinho ao ver o resultado do processo dos amigões que acham bacanudo ficar mostrando o pinto e a pepeca, ou dançando enquanto balançam panos, sem pensar sobre o que estão fazendo, citando body art, arte performática, ao passo que conhecem apenas muito superficialmente o contexto histórico e os conceitos envolvidos no movimento que eles teimam em repetir toscamente (e difamar) sem nunca ter lido um livro sobre o assunto. (Eu também não li nenhum livro inteiro sobre isso, mas não fico me prestando a fazer esses showzinhos. Nenhuma síndrome de Yoko Ono descontextualizada me possui no momento.)
O triste é saber que, sendo maioria nesse meio, é essa camada grosseira que vai representar a "classe artística" para todo mundo, sendo mais do que natural que historiadores, teóricos, engenheiros e psicólogos da vida achem que os "artistas" são sim um bando de gente rasa e afetada na sua grande, muito grande maioria, gerando aí um mútuo preconceito quanto aos posicionamentos e interesses profissionais.

Um monte de macacões adestrados, papagaios repetidores.
Sendo ou não sendo integrante desse infeliz esteriótipo de artista, Francesquita tinha lá os seus geniais tiques metódicos e a sua cabecinha de Rimbaud da era moderna, tão incrivelmente precoce no desenvolvimento artístico, com uma produção surpreendente e com a carreira tão curta. Ela fez tudo o que fez até os 22 anos de idade e depois se jogou da janela do seu estúdio em Nova Iorque. Talvez tenha sido demasiadamente dramática a "ação", mas isso não importa: quis morrer, que morra (melhor do que ficar por aí fazendo drama, nada mais entediante).

Ao olhar Francesca Woodman superficialmente ela pode mesmo soar forçadora de barra, (se tivermos em mente aqueles seres vazios, os mesmo que reclamam quando têm que ler um artigo, e que ficam muito brabos quando têm que ler um livro). Ela não era só uma jovem artista que fotografava compulsivamente e que precisava ser legal com as pessoas para se promover, isso por que não tinha a necessidade de usar esse meio como o único fator legitimador da sua produção.
Fora o aspecto formal das técnicas de revelação fotográfica, os conceitos que são inerentes à fotografia dela são afiados: produção de forte relação com o surrealismo, com o pós-minimalismo, com a história dos auto-retratos e com o feminismo. Além disso o trabalho é atemporal, quem não conhece dificilmente sabe dizer precisamente de quando é, o que reforça a potência da obra, pois ela não serve somente em uma época, não tem prazo de validade, sempre terá a mesma forte expressão.
Pena que em pouco tempo Francesca Woodman será, coitada, banalizada pelo pessoal das danças peladas como Duchamp, coitado, é banalizado por todos nós.