É que o tempo se esvai, é como areia fina entre os dedos. Perco, perdo, não consigo segurar, por mais que feche a mão, ele transborda! Como a água do banho, quando me encontro sentada, que se acomoda no colo e logo cai pros lados, cansada da monotonia das pernas.
Ás vezes a areia é rosa, ás vezes é marrom, ás vezes é azul, mas não é para menos que a ampulheta é sempre ampulheta.
A música repete, cada vez que acaba são três minutos e trinta e cinco segundos a menos (ou a mais?) que vivi (ou que vivo?) e então recomeça. Música que nunca representaria nada se não fosse impregnada da presença de alguém, alagada da lembrança de momentos que já começaram, aconteceram e acabaram, cheia daquele sábado em que essa mesma pessoa também repetia e repetia a mesma música. Quinta vez que se repete. Um pouco de saudade do peso das dedilhadas ainda meio cegas.
Algumas trezentas e dezessete páginas me aguardam deitadas, pacientes, em cima da cama enquanto ouço, transbordo e sinto a ansiedade de quem não sabe pelo o que espera. São, de vez em vez, três minutos e trinta e cinco segundos que passam distraídos, maliciosamente disfarçados de minutos inocentes. Não são só, são tudo isso. Se somam sem parar.
Mesmo assim te telefono. Eu te busco, "vou de ônibus", estamos perdendo o tempo!
Sou mesmo um pouco alérgica à solidão, desacostumei da minha pura e própria companhia. Afinal, quem consegue (e sabe) se sentir só?
Tenho muitas coisas para pensar e trabalhar, mas quando vejo já estou picando o alho. Deveria estar pensando no que escrever, mas quando vejo, já estou pensando no quanto amo.
Eu leio palavras que me deixam apertada de um não-sei-o-que, um não-sei-o-que-bom. Acabo deixando um pouco de lado todas as coisas que eu desprezo. Aliás, o que, agora, é deprezar?
Onze horas e só a minha caixa das músicas que não foi aceita. Admito a dor, o coração no liqüidificador, a boca no grampeador e fiquei quieta (com o teu sorriso quieto no meu canto). Vou deitar com um peso que não deveria estar em mim: quanto pesam dezessete canções?
hoje eu sou trágica.
Ás vezes a areia é rosa, ás vezes é marrom, ás vezes é azul, mas não é para menos que a ampulheta é sempre ampulheta.
A música repete, cada vez que acaba são três minutos e trinta e cinco segundos a menos (ou a mais?) que vivi (ou que vivo?) e então recomeça. Música que nunca representaria nada se não fosse impregnada da presença de alguém, alagada da lembrança de momentos que já começaram, aconteceram e acabaram, cheia daquele sábado em que essa mesma pessoa também repetia e repetia a mesma música. Quinta vez que se repete. Um pouco de saudade do peso das dedilhadas ainda meio cegas.
Algumas trezentas e dezessete páginas me aguardam deitadas, pacientes, em cima da cama enquanto ouço, transbordo e sinto a ansiedade de quem não sabe pelo o que espera. São, de vez em vez, três minutos e trinta e cinco segundos que passam distraídos, maliciosamente disfarçados de minutos inocentes. Não são só, são tudo isso. Se somam sem parar.
Mesmo assim te telefono. Eu te busco, "vou de ônibus", estamos perdendo o tempo!
Sou mesmo um pouco alérgica à solidão, desacostumei da minha pura e própria companhia. Afinal, quem consegue (e sabe) se sentir só?
Tenho muitas coisas para pensar e trabalhar, mas quando vejo já estou picando o alho. Deveria estar pensando no que escrever, mas quando vejo, já estou pensando no quanto amo.
Eu leio palavras que me deixam apertada de um não-sei-o-que, um não-sei-o-que-bom. Acabo deixando um pouco de lado todas as coisas que eu desprezo. Aliás, o que, agora, é deprezar?
Onze horas e só a minha caixa das músicas que não foi aceita. Admito a dor, o coração no liqüidificador, a boca no grampeador e fiquei quieta (com o teu sorriso quieto no meu canto). Vou deitar com um peso que não deveria estar em mim: quanto pesam dezessete canções?
hoje eu sou trágica.